Ao criarem seus heterônimos, Alexandre Dacosta e Lucília de Assis abdicam dos problemas antes da fama. Não perderiam tempo com tudo que antecede a busca pelo sucesso. Não, eles não iriam se estressar. A fama viria antes, estava pronta, precoce, questão de ordem prática dos fatores. Já estreariam ídolos... Claymara Borges de Florilândia, interior de Goiás, caçula de uma família de doze irmãos, dada para adoção a um casal de classe média, do Méier; e Heurico Fidélis da cidadezinha de Quatro Portas, norte de Minas, segundo filho de um casal de roceiros plantadores de pepino japonês.  O dom: cantar e encantar a eles mesmos.

A história dos dois começa quando ele, para tentar superar um grave problema de gagueira, se apresenta como crooner numa pequena boate em Goiás. Ela vai ao show e se entrega a ele no escuro camarim. Não se confirma, mas amigos garantem que Heurico era virgem até conhecer Claymara.

Numa segunda-feira, chuva torrencial, finalmente a estreia num bar no Jardim Botânico. Viagens, ida aos rádios, televisão, festivais... Alheios aos elogios ou às críticas, seguem em frente, aprendendo a conviver com o sucesso. Claymara queixa-se nas entrevistas: “não temos mais sossego; somos visados pelas câmeras e os paparazzis nos cercam por todos os lados...”. É esse o desafio proposto pela dupla: o que é realmente sério, ou sério o suficiente para ser levado a sério?  Heurico Fidélis e Claymara Borges fadados a brilhar até mesmo antes de todos se darem conta.

Márcio Paschoal