Gênero é uma grande fanfic. Uma grande história que contaram e a maioria das pessoas opta por acreditar. É uma história bem convincente, apesar de falha. Como num RPG, que você escolhe o avatar que vai jogar, o cavaleiro, a elfa, o mago… O homem e a mulher são essas categorias. Vocês sabem o que é uma fanfic? É aquela história que surge depois de uma obra oficial. Fãs que imaginam, criam, inventam outros cenários, outras situações, outros universos, dentro do universo da ficção original. Mas por que eu tô falando disso com vocês, né? A louca que vem falar de gênero e de repente fala de RPG e fanfic. Isso é tudo pra ilustrar a forma como eu entendo relações. São jogos, acordos não necessariamente formais, tratados implícitos, e tão antigos e históricos que ganham um teor de natural, de anacronismo e imutabilidade. O que também não é verdade. Existem manifestações de gênero infinitamentes diferentes pelo mundo, em culturas, religiões, diferentes eras na história. Ser homem e ser mulher sempre mudou, sempre teve outros significados, as coisas não são estáticas.

Mas o que acontece quando a gente começa a ler essas outras fanfics? Por que a gente não as conhece? Por que a gente lê majoritariamente autoras cisgêneras? Bem, eu não estou aqui para dar a resposta definitiva. Eu quero apontar outros caminhos, circular outras histórias, num movimento que eu carinhosamente chamo de Pe-Drag-Ogia.

Lua Lamberti